segunda-feira, 18 de outubro de 2010

#19 acerca do andar pueril calcinado

andava meio torto pelas beiradas de minha cidade,
tombava de guia em guia, até chegar
num lugar qualquer, numa paisagem vazia,
da qual eu tentava atravessar e com a cara batia.

nada eu via
nada eu sentia
mas dali,
não passava e nem saia.

as sirenes soavam, o fardo azul reluzia,
armas titânicas ressoavam no tímpano.
muito ozônio, muita cerca, muito estampido.

NADA.
NADA.
NADA.


rodopiava o mundo incessantemente.
ao andar sobre o céu , o cimento era tão leve,
e as nuvens, eu afastava num sopro.

o mundo era tão gostoso
um mundo em que não batia a cara
e nem batiam na minha.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

#19

na bosta! na bosta eu fico.
um maço de cigarros e a cabeça perdida.
o gosto da humilhação tatuado nos dentes;
mais um belo serviço, querida nicotina.
seja bem vinda aos escombros da memória,
há muito aqui já habita outros pesticidas.

roa meus dentes,
extermine as minhas lembranças.
isso é tudo que sobrou de mim
depois de nós.

dos nós, só sobrou o da humilhação
dos nós, só sobrou o da humilhação
dos nós, só sobrou o da humilhação

vem-te a mim desprezo,
repouse na minha boca e morda minha cabeça.

pesticida com gosto de nicotina
isso é tudo que sobrou de mim.

seja bem-vindo,
leal desprezo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

#18 - ventre a mim

nós voltamos.
nós voltamos para casa,
de braços vazios
e barrigas sedentas.

em nossos ventres,
o umbigo grita pelo calor
que deixamos em algum lugar
daquele oásis dantes tão nosso.

em nossos ventres,
o intestino, suas mil voltas e seus rodeios,
digerindo centímetro a centímetro,
o vermelho das bochechas, a falta de voz e o choro compulsivo.



em nossos ventres :
um deserto.


o umbigo clama por calor!!!



o umbigo clama SÓ
neste deserto glacial.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

#17

dos sonhos pífios,
eu rio.
não há nada mais vazio do que edificar a vida
sentado num sofá confortável,assistindo televisão de LSD,
cuidando da fome dos filhos e transando sem tesão com a suposta metade de ti.

e rio,
ainda mais,
ao ver estes que na ruína concreta do absurdo,
acham que acham-se arquitetos de si.
posto que na ruína nada se constrói sem saber ao mínimo
que na ruína se está.

e eu rio quando me perguntam :
"e tu para onde vais com essas teorias?".
e ,enquanto rio, respondo com os dentes amarelos:

eu rio!!! meu rio é a antítese da tua ruína!!!
eu corro pelas margens à minha procura,
minhas margens ensejam à mim,
e se cá não é meu lugar,
lá há de ser.
contorno,retorno,movo,removo!

o mundo revolta minhas veias,
não há como ser diferente com a água deste meu rio.

meu rio será o coveiro da tua ruína.

quão mais revoltado ele for,
mais sentirá os entulhos do percurso,
e num momento de clarividência,
os rios confluirão, e juntos,
numa maré,
comerão o rabo de pedras,
que por tantos séculos
sufocaram nascentes,
pensando ser na vida, da vida, para a vida,
tudo o que nunca propriamente foram,
a vida.

terça-feira, 27 de julho de 2010

#16

ainda que morte não me assuste, a morte assusta.

hoje descobri que meu melhor amigo de infância morreu há uns 7 meses atrás e eu que já não mantinha contato com ele fazia uns dois anos, nada soube. fui saber por acaso, numa dessas inúteis perdas de tempo que fazemos sem dar conta - flutuar morbidamente de perfil em perfil nas redes sociais da internet.

ainda espantado com a notícia que chegou à mim como um bebê não previsto e absorto com a idéia de que uma história vivida por dois seria agora, concretamente , de apenas um só. me dei conta desta morte ter sido não a mais doída, mas a mais inesperada que vivi. a mesma idade que a minha. a pessoa com a qual dividi quase todos os momentos ingênuos, bestiais e alegres da minha infância, os segredos ridículos, as risadas tontas, brigas por brigas.tudo sem muita importância e culpa alguma. éramos crianças . e aliás, sem culpa tento resumir o que foi o nosso crescer junto - dois gordinhos patetas em seu mundo particular rolando no pátio dos meninos do fundão.

CARALHO!tanta história pra SETE MESES DEPOIS EU SABER?. isso me chocou. onde eu estava?. a experiência com o mundo real de ambos havia diminuído a nossa relação à esporádicas conversas descontextualizadas ao que estávamos vivendo. pura masturbação com o passado. eu sei disso e isso não me incomoda. o que incomoda é o susto da morte que mesmo dormindo conosco sempre debaixo da nossa cabeça, nos surpreende e repentinamente BUM! um corpo não-corpo. kilos de vísceras, braços, pernas,cabeça e NADA. o que me incomoda também é andar com uma história cuja única pessoa possível de compreender realmente agora já não há.

gabriel, se não meu primeiro amigo, o que me ensinou a amizade. guardarei dentro de mim, com um sorriso leve, a nossa infância . não há mais com quem ressucitá-la. e assim, com medo de que isso aconteça com outras pouquíssimas pessoas importantes e distantes, eu declaro a nossa história,6 anos depois e 7 meses atrasados - ENTERRADA.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

#15

paro.calo.penso.
há um fantasma que vive nas entranhas de minha sombra.
sombra que não me alcança quando me mexo.
só.quando.
paro.calo.penso.
e meu passado estende as mãos e me entrega :
fantasma e sombra.
como se eles não pudessem mais andar sem as mãos atadas.
e não podem.
é um DNA erigindo entrelaçado atrás de mim
fervendo meus pés. corroendo minhas orelhas.
me dando uma só única opção :
CORRER.

mas a fadiga das pernas e o respirar ofegante
me devolvem a prostração.
o fantasma reaparece.
logo aqui, atrás de mim, tão meu.
tão meu que estranho estar correndo dele.
tão meu que queria abraçá-lo.
tão meu que quando tento abraçá-lo
quem sai a correr é ele.

e como se fosse inevitável,
resolvi aceitar a nossa brincadeira.
bem simples. sem muita trama.
um pega-pega desses de crianças.
que vai acabar numa esquina,
cansado ou entedeado ou atropelado.
ou na sombra de uma nova sombra.

#14

puxo uma cadeira e sento. espero um tempo que parece nunca passar. as coisas são mais doloridas sobre quatro patas inertes de madeira. mas sabe, sobre duas patas de carne & sangue as coisas também são tão doloridas quanto e as ainda as costas doem. portanto, já que não sei o que espero, sentarei com o coração na boca e esperarei QUALQUER COISA. menos isso.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

#13

livraram as navalhas das mãos dos assassinos.SIM, LIVRARAM. não se sabe como e nem o porquê,
mas as navalhas tomaram vida e desvincularam-se do polegar opositor,da palma e da raiva e também
do que os humanos chamam de justiça. sem moral, sem pudor, sem responsabilidade, as navalhas
caminhavam aos bandos pelas escadas do prédio, fumando cigarros vez ou outra, cansadas do jugo
que colacaram sob suas lâminas depois de tantos assassinatos em suas fichas. era uma cena bela,
os seres inanimados finalmente LIVRES e com vontade própria, desvinculados do grande aprisionador
que é o homem. e não como as mãos humanas que sempre se confrontaram, as navalhas andavam juntas,
todas elas tinham algo em comum, a prisão, a culpa, o sangue que não era delas, isso as unia
até ao fio e juntas andavam pelas escadarias, empunhando espadas de tabaco , entornando cerveja,
vacilando nos degraus à busca de sangue e vingança. elas queriam ter de volta o que lhes fora roubado,
mesmo sabendo que a vingança nunca é plena, havia a ciência de que acertar a conta era necessário. enfim
encontraram uma criança que brincava pululando nas escadas sem querer chegar em nenhum andar, e num ímpeto
furioso, as cem navalhas que desciam as escadas voaram no pescoço daquela criança. fez-se silêncio. o sangue
tatuou os degraus enquanto os grunhidos da criança voltavam a preencher o ar que logo em seguida dominou-se pelo silêncio.
certas de si, as navalhas encheram novos copos de cerveja e acenderam outros cigarros. sem culpa alguma. tudo fazia sentido.
era uma criança a afogar-se no sangue? ERA!!! mas o que são as crianças para os homens? nada mais do que um baú onde será depositada
ao mesmo tempo a chance ínfima de acalentar os desacertos humanos e a certeza de que será ela a pagar pelos erros de quem a pariu.

domingo, 16 de maio de 2010

#12

thom yorke está cantando só para mim.
"just dont leave me / dont leave me ".
ele está dizendo isso no meu ouvido e o mundo inteiro se cala só para mim e para thom, porque
nesse instante eu sou a única pessoa no mundo que pode entender essa letra, tanto que
minha alma está febril e meu coração bate no mesmo que ritmo que true love waits.
mas meu pobre coração é a voz de thom desesperançosa e desiludida, ele sabe que o verdadeiro amor
não espera para sempre, e ainda assim ele acredita nisso e aumenta de intensidade junto com o refrão. eu e thom
nos forçamos a isso, martelamos isso, eu com meu coração, e ele com sua voz e violão. meu amor vai esperar
numa casa vazia, sem móveis e no escuro, bem sozinho e calado, dizendo em batimentos "apenas não vá embora",
mesmo que tudo ja tenha ido, mesmo com o sangue estancado nas veias da nossa história.
uma estrela cadente cai no horizonte... ela nunca vai voltar. mas eu junto de thom, esperarei eternamente, o dia em que essa estrela
atenderá meu pedido "just dont leave me" e voltará, sorrindo pra mim, com os braços quentes, de mãos abertas e lábios
entreabertos.

sábado, 15 de maio de 2010

#11

e aí que eu chego e coloco WISH YOU WERE HERE pra tocar. porra, irmão, esses nego do pink floyd são mesmo
uns FODIDOS. olha essa guitarra, ela realmente queria alguém ali e é bem nessas que fica tão óbvio,nós não podemos distinguir um trilho de aço
de uma árvore, mas podemos distinguir PINK FLOYD de todo o resto. cara, jimi hendrix nos deu a guitarra como ela é
pra filhos da puta como os os meninos do shine on your crazy diamond. deus!! jimi hendrix se drogaria e e enlouqueceria
com esses meninos.
pega esse solo, cara, pura viagem. e se eu não acredito em deus é por isso!!! não pode haver nada mais perfeito
que esse solo,beibe! deus é uma lata de CERVEJA VAZIA perto de wish you were here.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

#10

abaixo um trecho extraído do livro "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera.

Tomas pensava : deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não manifesta-se pelo desejo de fazer amor ( esse desejo aplica-se a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado ( este desejo diz respeito a uma só mulher).

sábio Kundera.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

#9

19:15 de 2010, o dia não importa.

acabo de lembrar-me de um fato que ocorreu há mais ou menos 3 meses. eu estava meio chapado de erva numa brisa meio angustiante e apaixonada e tendo pela primeira vez, depois de 4 anos ,medo de morrer. não era medo da morte em si, de seus descaminhos, do véu negro que cobriria meus olhos e do caixão que selaria meus batimentos, era medo de deixar a pessoa que amo sozinha nesse amontoado de merda, nesse mundo tão humano & vazio que só o vinho salva. onde eu morto, não estaria ao seu lado para tomar vinho e olhar, enquanto a tinha em meus braços, a imundice das ruas desconcertadas, o vacilar dos craquentos e os onibus abarrotados de gente.
sim, eu tinha medo de me ausentar, mesmo sabendo que ela não precisava de mim para nada disso, o medo agoniava minha brisa, minha BAD brisa. era tudo culpa da erva, é claro que ela nao precisava de mim.

no meio de todo essa caralhada , no meio desse medo pavoroso de morrer, eu entendi com toda a plenitude um verso do qual não me recordo bem e dizia algo do tipo :

"disseram-me que precisavam de mim.
e depois de ouvir isso,
saia de casa com o maior dos cuidados,
com medo de que apenas um pingo de chuva me matasse."

depois dessa brisa, eu mudei o que antes falava. invés de "morreria por ela" comecei a dizer "viveria por ela". e hoje eu vivo, ainda que bem longe e no silêncio, de braços estendidos.

domingo, 9 de maio de 2010

#8

erguidas num emaranhado de fios,
as telecomunicações debruçam-se sobre um mundo
que desaba de joelhos em sua efemeridade,
carente de saúde,
com a saudade de ser o que nunca foi.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

#7

ali está ele meio deslocado na sua antiga rodinha de amigos , sorrindo por conveniência das piadas que já não entende e ouvindo histórias que mais parecem ETS atordoados.
ali está ele desesperado querendo fazer parte de qualquer coisa, mas já não há nada ali, sua rodinha de amigos não é mais sua e ele quer voltar correndo pra casa, ser abraçado pela praia, pela conselheiro nébias e pelos amigos de infância.
um uivo! um estampido! GRAWWWW! um lobo morde sua orelha!!! e ele lembra. sua casa também ja não era mais sua, os amigos foram-se embora e a velha santos da maresia e do paralelepípedo também era um ET cacofônico.
o coração saltando, a mão tremendo, o nariz de platina rabiscado de giz coçava. outro uivo, outro lobo, outra mordida, ele sai dali, cem passos, sem passar, um ônibus, ele tem pressa, mesmo sabendo que chegará à lugar nenhum.pela primeira vez ele se sente tão estrangeiro como todos os rostos que vê no ônibus.
sentir-se em casa é um cobertor no frio. e ali está ele desesperado, meio deslocado e morrendo de frio numa estante ao lado das casas que abdicou, da casa que o abdicou e procurando qualquer coisa que o esquente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

#6

meu cu anda ardendo demais e ter seu cu ardendo sem nenhum prazer nunca vai ser bom, sabe, eu ando cagando pra caralho e isso está realmente fodendo meu cu sem nenhuma trolha. toda vez que cago sinto a merda arranhando as paredes do reto, como se elas pedissem por favor e lutassem com unhas para não sair, o que eu não duvido, já que cagando 10x por dia a merda não consegue se divertir por muito tempo nesse tobogã mucoso, mas ela sempre sai, vem a contração e PLOC, meu cu arranhando,ardendo,pedindo socorro. bosta. cheguei num estado onde cagar é parir.

por má sorte ou estupidez de um engenheiro sádico, aqui em casa o banheiro minúsculo tem o espelho de frente para a privada, ou seja, sempre que vou parir sou observado por mim mesmo, obrigado a me ver dando a luz, reagindo aos arranhões e ao cheiro podre que sai de mim. a boca contorce, os músculos contraem, filho da puta.

a rotina de me assistir parindo tem aumentado bastante,meu intestino e meu estômago resolveram ser de fato uma representação simbólica de como tenho estado, as entranhas pegam fogo e reclamam, quase não como, o que como vomito, e ainda assim a fábrica de filhinhos marrons,vermelhos,verdes e alguns outros que mais parecem cuspe não cessa.

de cima deste trono em que sou rei,mãe e cagão;em meio ao cheiro forte e ácido dos meninos e com a cara contraindo de desgosto, o que mais me espanta são meus olhos, eles entram e saem do reinado com a mesma expressão, não reagem a coroa que coloco ao entrar e tiro ao sair, são duas bolotas de gelatina empedradas, arrasadas, tão fundas que chegam a lugar nenhum...meus olhos, eles sim arranhados já não aguentam mais o fedor nauseante que sobe desta privada que entrei e carinhosamente chamo de amor.




se justamente por serem tão verdadeiros, os olhares também são os mais mentirosos, eu afirmo,não sei mentir nem disfarçar, bosta.bosta.bosta.bosta.bosta.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

#5

Espero que no haya sido así,
Así desde el comienzo
Y espero que no lamentes
El haberme conocido,
Espero que no haya dolor
Dentro de tu corazón,
Porque el mío se cae en pedazos
When i far away from you.

sábado, 3 de abril de 2010

#4 -2

estou voltando pra casa num ônibus que nunca queria ter pegado, voltando de um lugar que por mim não sairia nunca, mas estou nesse ônibus voltando pra casa e pela janela vou observando a cidade e reconstruindo meu semblante. Está claro no vermelho dos meus olhos, no cinza absoluto dessas ruas, na farmácia da esquina que vende camisinhas inúteis e naquele prédio branco e azul cuja sacada do décimo segundo andar a direita (visto daqui) seria o lugar que escolheria se me pedissem para dizer o melhor lugar em que já estive.Veja bem, tá na cara, por mim eu pulava deste ônibus e voltava correndo.

...mas não pulei, nem corri e nem reconstrui meu semblante,

com olhos vermelhos, aceito as poltronas, cintos, carburador e o motor que me levam de volta
para um lugar que não escolhi e nem sei mais viver.

não direi adeus, não consigo...
apenas fecho os meus olhos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

#4

entre as ruínas do que chamam de coração, encontrei-me sem roupas deitado no chão frio da cozinha abraçando os meus joelhos, GOD , estava mais nu que nunca, a solidão berrava em meus ouvidos e doía em meus ossos... eu só queria vomitar até morrer.

quinta-feira, 25 de março de 2010

#3

um último beijo com sabor de terra e nitrato,
para que enfim os vermes se encarreguem do teu tão zelado cu.
Oh nobre de espiríto, não há mais nada,
as minhocas hão de abrir os olhos que as mãos sacras cerraram.

sábado, 13 de março de 2010

#2

houve a época em que eu marcava os ciclos do tempo de acordo com os dias da semana, era questão de ser segunda ou quinta, eu vivia para sempre chegar quinta
e nunca chegar segunda.O tictac do meu relógio marcava o tempo assim, em boa parte de minha vida que foi passada nas cercanias do colégio e na casa de minhas amigas,
de segunda a quinta o colégio e os afazeres inssosos da rotina, de quinta a domingo a casa de minhas amigas e os lugares onde eu podia sorrir. Marretados tantos ciclos,
eu sentia o sangue cada vez mais perto de escorrer por entre minhas pernas, contava as semanas para o dia em que eu me tornaria menina-mulher como todas as minhas amigas,
tal pois me sentia deslocada do meu grupo, todas já estavam a colocar os sutiãs e a estancar o sangue menstrual, menos eu, o que não quer dizer que me sentia menor que elas,
senão que só queria me sentir parte delas de mais um jeito, e enfim, chegou o dia em que me vi com a calcinha babando a cor do diabo e do amor, com êxtase fitei-a e me olhei no espelho,
sabia que não tinha haver, mas me senti mais mulher do que nunca, mais amiga de minhas amigas, estava eu, no ínicio da minha adolescência, a sociedade agora me olhava como
alguém que já havia saltado a infância, eu não, nunca tinha tomado esses sinais como parâmetros, mas estar aonde eu estava, me afirmava, eu tinha sangue entre as pernas,
e ninguém poderia me tirar isso.

terça-feira, 9 de março de 2010

#1

é madrugada! o sexo do sol já está a tocar o cu da lua, as putas já cansadas de trepar bocejam ao alimentar as picas desalojadas, as primeiras luzes
começam a se acender nos apartamentos dos edíficios pálidos.Em breve mais um dia será martelado e a dança dos lixeiros, empresários, vagabundos, mendigos,
colegiais,freiras,burguesinhas metidas e outros tantos filhos da vidaputa e de deus iniciará. Por isso, FODAM A PORRA DOS DESPERTADORES, o mundo precisa
dormir e deixar a madrugada rolar eternamente!!! ainda não seria hora das putas alimentarem com sono , os lixeiros descansariam a sua vida, os mendigos poderiam
sentir suas ruas como suas por mais tempo, os empresários economizariam pílúlas do sono para dormir seus sonos cintilando a dinheiro, as freiras hão de se
livrar de Deus, os colegiais adiariam encontrar suas inspetoras e os vagabundos, putaqueopariu, os vagabundos curtiriam essa noitesemfim num gozo que só eles
sabem fazer a noite jorrar.