sábado, 13 de março de 2010

#2

houve a época em que eu marcava os ciclos do tempo de acordo com os dias da semana, era questão de ser segunda ou quinta, eu vivia para sempre chegar quinta
e nunca chegar segunda.O tictac do meu relógio marcava o tempo assim, em boa parte de minha vida que foi passada nas cercanias do colégio e na casa de minhas amigas,
de segunda a quinta o colégio e os afazeres inssosos da rotina, de quinta a domingo a casa de minhas amigas e os lugares onde eu podia sorrir. Marretados tantos ciclos,
eu sentia o sangue cada vez mais perto de escorrer por entre minhas pernas, contava as semanas para o dia em que eu me tornaria menina-mulher como todas as minhas amigas,
tal pois me sentia deslocada do meu grupo, todas já estavam a colocar os sutiãs e a estancar o sangue menstrual, menos eu, o que não quer dizer que me sentia menor que elas,
senão que só queria me sentir parte delas de mais um jeito, e enfim, chegou o dia em que me vi com a calcinha babando a cor do diabo e do amor, com êxtase fitei-a e me olhei no espelho,
sabia que não tinha haver, mas me senti mais mulher do que nunca, mais amiga de minhas amigas, estava eu, no ínicio da minha adolescência, a sociedade agora me olhava como
alguém que já havia saltado a infância, eu não, nunca tinha tomado esses sinais como parâmetros, mas estar aonde eu estava, me afirmava, eu tinha sangue entre as pernas,
e ninguém poderia me tirar isso.

Um comentário:

  1. Vc tem um "estilo" de escrever, estou começando a perceber. E isso é MUITO raro em escritores amadores. Até em profissinais não é tão comum.
    Preciso me acostumar mais com o estilo, mas parabéns. Você tem algo que eu tento ter desde que comecei a escrever. Uma assinatura poética.

    Sobre o texto: Muito bom. Denovo, senti um pouco de atrito com o estilo direto e realista (sou mais "romantismo") mas acho que é questão de costume.

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