estou voltando pra casa num ônibus que nunca queria ter pegado, voltando de um lugar que por mim não sairia nunca, mas estou nesse ônibus voltando pra casa e pela janela vou observando a cidade e reconstruindo meu semblante. Está claro no vermelho dos meus olhos, no cinza absoluto dessas ruas, na farmácia da esquina que vende camisinhas inúteis e naquele prédio branco e azul cuja sacada do décimo segundo andar a direita (visto daqui) seria o lugar que escolheria se me pedissem para dizer o melhor lugar em que já estive.Veja bem, tá na cara, por mim eu pulava deste ônibus e voltava correndo.
...mas não pulei, nem corri e nem reconstrui meu semblante,
com olhos vermelhos, aceito as poltronas, cintos, carburador e o motor que me levam de volta
para um lugar que não escolhi e nem sei mais viver.
não direi adeus, não consigo...
apenas fecho os meus olhos.
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nunca é tarde demais pra reconstruir qualquer coisa, ainda mais o que é seu.
ResponderExcluirParece bem auto-biografico, então não vou me aprofundar.
ResponderExcluirMas achei "Está claro no vermelho dos meus olhos, no cinza absoluto dessas ruas, na farmácia da.." uma frase incrivelmente poetica. E nem sei dizer direito porque.