domingo, 16 de maio de 2010

#12

thom yorke está cantando só para mim.
"just dont leave me / dont leave me ".
ele está dizendo isso no meu ouvido e o mundo inteiro se cala só para mim e para thom, porque
nesse instante eu sou a única pessoa no mundo que pode entender essa letra, tanto que
minha alma está febril e meu coração bate no mesmo que ritmo que true love waits.
mas meu pobre coração é a voz de thom desesperançosa e desiludida, ele sabe que o verdadeiro amor
não espera para sempre, e ainda assim ele acredita nisso e aumenta de intensidade junto com o refrão. eu e thom
nos forçamos a isso, martelamos isso, eu com meu coração, e ele com sua voz e violão. meu amor vai esperar
numa casa vazia, sem móveis e no escuro, bem sozinho e calado, dizendo em batimentos "apenas não vá embora",
mesmo que tudo ja tenha ido, mesmo com o sangue estancado nas veias da nossa história.
uma estrela cadente cai no horizonte... ela nunca vai voltar. mas eu junto de thom, esperarei eternamente, o dia em que essa estrela
atenderá meu pedido "just dont leave me" e voltará, sorrindo pra mim, com os braços quentes, de mãos abertas e lábios
entreabertos.

sábado, 15 de maio de 2010

#11

e aí que eu chego e coloco WISH YOU WERE HERE pra tocar. porra, irmão, esses nego do pink floyd são mesmo
uns FODIDOS. olha essa guitarra, ela realmente queria alguém ali e é bem nessas que fica tão óbvio,nós não podemos distinguir um trilho de aço
de uma árvore, mas podemos distinguir PINK FLOYD de todo o resto. cara, jimi hendrix nos deu a guitarra como ela é
pra filhos da puta como os os meninos do shine on your crazy diamond. deus!! jimi hendrix se drogaria e e enlouqueceria
com esses meninos.
pega esse solo, cara, pura viagem. e se eu não acredito em deus é por isso!!! não pode haver nada mais perfeito
que esse solo,beibe! deus é uma lata de CERVEJA VAZIA perto de wish you were here.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

#10

abaixo um trecho extraído do livro "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera.

Tomas pensava : deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não manifesta-se pelo desejo de fazer amor ( esse desejo aplica-se a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado ( este desejo diz respeito a uma só mulher).

sábio Kundera.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

#9

19:15 de 2010, o dia não importa.

acabo de lembrar-me de um fato que ocorreu há mais ou menos 3 meses. eu estava meio chapado de erva numa brisa meio angustiante e apaixonada e tendo pela primeira vez, depois de 4 anos ,medo de morrer. não era medo da morte em si, de seus descaminhos, do véu negro que cobriria meus olhos e do caixão que selaria meus batimentos, era medo de deixar a pessoa que amo sozinha nesse amontoado de merda, nesse mundo tão humano & vazio que só o vinho salva. onde eu morto, não estaria ao seu lado para tomar vinho e olhar, enquanto a tinha em meus braços, a imundice das ruas desconcertadas, o vacilar dos craquentos e os onibus abarrotados de gente.
sim, eu tinha medo de me ausentar, mesmo sabendo que ela não precisava de mim para nada disso, o medo agoniava minha brisa, minha BAD brisa. era tudo culpa da erva, é claro que ela nao precisava de mim.

no meio de todo essa caralhada , no meio desse medo pavoroso de morrer, eu entendi com toda a plenitude um verso do qual não me recordo bem e dizia algo do tipo :

"disseram-me que precisavam de mim.
e depois de ouvir isso,
saia de casa com o maior dos cuidados,
com medo de que apenas um pingo de chuva me matasse."

depois dessa brisa, eu mudei o que antes falava. invés de "morreria por ela" comecei a dizer "viveria por ela". e hoje eu vivo, ainda que bem longe e no silêncio, de braços estendidos.

domingo, 9 de maio de 2010

#8

erguidas num emaranhado de fios,
as telecomunicações debruçam-se sobre um mundo
que desaba de joelhos em sua efemeridade,
carente de saúde,
com a saudade de ser o que nunca foi.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

#7

ali está ele meio deslocado na sua antiga rodinha de amigos , sorrindo por conveniência das piadas que já não entende e ouvindo histórias que mais parecem ETS atordoados.
ali está ele desesperado querendo fazer parte de qualquer coisa, mas já não há nada ali, sua rodinha de amigos não é mais sua e ele quer voltar correndo pra casa, ser abraçado pela praia, pela conselheiro nébias e pelos amigos de infância.
um uivo! um estampido! GRAWWWW! um lobo morde sua orelha!!! e ele lembra. sua casa também ja não era mais sua, os amigos foram-se embora e a velha santos da maresia e do paralelepípedo também era um ET cacofônico.
o coração saltando, a mão tremendo, o nariz de platina rabiscado de giz coçava. outro uivo, outro lobo, outra mordida, ele sai dali, cem passos, sem passar, um ônibus, ele tem pressa, mesmo sabendo que chegará à lugar nenhum.pela primeira vez ele se sente tão estrangeiro como todos os rostos que vê no ônibus.
sentir-se em casa é um cobertor no frio. e ali está ele desesperado, meio deslocado e morrendo de frio numa estante ao lado das casas que abdicou, da casa que o abdicou e procurando qualquer coisa que o esquente.